segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Alma minha gentil, que te partiste;

"Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou."

Luís Vaz de Camões
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Tãão triste, mas tãão boniiito *-* Um dos meu sonetos favoritos também. E pra mim o maior poeta de todos os tempos, sem a menor sombra de dúvida.

Pensamentos que vem do nada

Se todos à sua volta enxergam-no de um jeito , porém você se vê de outro no espelho , talvez não estejam todos errados , e sim o espelho rachado .

Nem sempre as coisas são o que parecem ser, isso todo mundo já sabe . Porém as vezes elas são , mas a gente prefere acreditar no "nem sempre" do que encarar a verdade .


" Perdigão perdeu a pena

Não há mal que lhe não venha.

Perdigão que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.

Quis voar a uma alta torre,
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha. "

Luiz Vaz de Camões.

Soneto 2

Quanto mais longe mais perto
Não de distância , mas de querer
Quantos mais sei é mais incerto
Não meu amor , mas o que vai ser

O que vai ser de mim esperando
Todos os dias por um só dia
O dia em que verei no horizonte voltando
Seu sorriso pra me trazer alegria

Mesmo com a incerteza de nós
Com meus medos e minhas aflições
Tudo muda quando ouço sua voz ;

Então vale a pena esperar verões
Pois mais vale ter você pela metade
Do que nunca ter amado de verdade

Sacrifícios por amor .

Sete anos de pastor Jacob servia

Sete anos de pastor Jacob servia,
Labão, pai de Raquel serrana bela,
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por prêmio pertendia.

Os dias na esperança de um só dia
Passava, contentando-se com vê-la:
Porém o pai usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe deu a Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Assim lhe era negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,

Começou a servir outros sete anos,
Dizendo: Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida.

Luiz Vaz de Camões.

Soneto 1

No julgamento do amar eu te condeno
Perpétuamente viverás numa prisão
Não numa cela vazia ao sereno
Mas dentro do meu insensato coração

Por mais que tentes conquistar a liberdade
Não há ninguém que prove sua inocência
Já que amar-te não é minha vontade
Mas sim, algo da minha inconsciência

E se algum dia tentar me prender também
Ou tentar me condenar num julgamento
Se não for vingança ou desdém ;

Serei preso de bom grado sem sofrimento
Pois mesmo preso terei a liberdade
Porque ela só vem com um amor de verdade